terça-feira, 16 de março de 2010

Em memória de um certo Galdino... (Crônica do dia 12/03/2010)

Monumento ao índio Galdino de Jesus - Praça do Compromisso - Brasília/DF


.......É incrível como a cada dia a humanidade perde o seu valor lógico, emocional e, principalmente, racional. Coisas que tenho acompanhado desde que nasci me fizeram criar este conceito e creio que irei morrer com um conceito ainda pior. Devo especificar algo que me amedrontou quando eu ainda era pequeno.
.......Lembro que do alto dos meus 5 anos de idade (1997), ao ligar o televisor, vi a imagem amedrontadora de um ponto de ônibus completamente queimado. O mais triste de tudo foi saber que ali, no meio do plástico derretido, do vidro estourado e do ferro retorcido, existiam restos mortais de um ser humano. Índio Galdino de Jesus, liderança indígena, especificamente do povo pataxó, após ser ateado fogo vivo por cinco “jovens de classe média”. Acompanhei o caso junto com meu pai, que fazia direito na época, e, ao serem descobertos, a desculpa dos jovens foi: “confundimos ele com um mendigo”.
.......Caro amigo leitor. Peço que, nesse momento, seja, por favor, extremamente sincero: o fato de eles terem confundido o índio com um mendigo confere-lhes o direito de atear fogo vivo em quem quer que seja? Dos cinco, quatro foram condenados por homicídio qualificado – um era menor de idade – e deveriam cumprir 14 anos de reclusão. É ai que entro em outro ponto: a prisão. Tecnicamente, a prisão é um local onde os presos são retidos da convivência social em função de pena adquirida por erros penais, ou seja, um grande castigo. Esses rapazes tinham regalias na prisão, tais quais: televisor no quarto, banho quente, cortinas nas celas e muito mais. Após cumprirem um terço da pena, em 2004, já estavam os quatro em liberdade condicional. O menor? Cumpriu três meses numa unidade correcional e foi liberado, com sua ficha completamente limpa.
.......Essa é a sociedade em que vivemos, queridos leitores. Uma sociedade suja, onde quem mata covardemente um índio que apenas lutava por uma vida melhor para os seus é libertado antes de concluir sua pena. Vivemos num país inválido, se apoiando em muletas e que luta em dizer que está “se reerguendo”. Porque eu digo isso? Por que nosso país só irá se reerguer quando o “jogo democrático” for jogado da maneira certa, ou seja, em prol do povo. Enquanto isso, teremos mais Dilmas, Paloccis, Fernandos, Inácios, Eduardos e Sérgios. Todos os dias veremos mais dólares na cueca, na meia e onde ainda não conseguimos imaginar. Mais assassinos, mais ladrões, mais crianças sendo perdidas para o tráfico porque o governo se preocupa em lutar pela perda dos royalties – sem dúvida é uma perda grande, mas um ponto facultativo estadual começa a se tornar exagero – mas não em proporcionar uma educação de qualidade.
.......Sendo assim, peço à você, meu amigo, meu leitor, que não feche a boca porque sua vida está razoável. Olhe para o lado, preste atenção a sua volta. Nossas vidas não são tão confortáveis quando prestamos atenção nos Galdinos que morrem todos os dias. Boa noite e até a próxima.

Obs.: Esta crônica teve indicação para trabalhos universitários. Peço que, em seus comentários, não usem de linguajar pejorativo ou maledicente. Grato.

3 comentários:

  1. Oi Jhon... pois é... vida louca vida... vida breve... assim entao né... pior ainda... abraço... continue escrevendo e praticando esse exercício diário.

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  2. lamentável vermos isso todos os dias almentar e ficar cada vez mais sem solução... as vezes acho q ñ sou desse mundo, q nasci nesse planeta por engano...
    tenho vergonha de morar num lugar onde em sua bandeira diz progresso e só tem atrofiamento, onde diz ordem e só vejo bagunça e desonra.
    sangues inocêntes sendo derramado por coisas banais, triste... muito triste.

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  3. E quem foi que disse que seria facil estar vivo...?!

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