quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A Rainha e o Plebeu



      Reino Unido, Século XVIII. Eis que surge uma bela Rainha, que toma o trono de sua mãe, que acabará de se encaminhar ao reino dos céus. Ela, altiva, de seus belos e longos cabelos loiros, com os olhos profundos tal qual a mais alta onda já vista que mais pareciam duas luas crescentes iluminando as águas dos mares e rios daquela Terra.

     Havia, também, naquele reino, um jovem negro e alto que com todas as suas forças defendia fielmente a integridade de sua Rainha. Quase pagando com a vida, muitas vezes, usava de todos os subterfúgios para conseguir proteger aquela que o coroou sir. A verdade é que apenas ele sabia os reais motivos de tanta proteção.

     Aquele homem, considerado um Plebeu, passava noites em claro escrevendo cartas para a sua amada, essas nunca entregues, pois ele sabia que uma Rainha nunca iria aceitar cartas de amor de um lacaio, podendo, até mesmo, ser condenado a decapitação. Em baixo de sua humilde cama, num quarto improvisado na torre norte do palácio, inúmeras cartas dividiam espaço com seus calçados e armaduras.

     Eis que, belo dia, o reino fora saqueado. O desespero foi total e a Rainha fora seqüestrada. De imediato, o Plebeu foi ao Rei e solicitou que os soldados da corte fossem atrás da Rainha, que já não mais estava ao alcance dos olhos. O Rei se limitou a dizer: devemos considerar que ela é apenas uma vida para que eu coloque dez homens em risco. O homem relutou, mas o Rei era irredutível. Neste momento ele toma uma decisão: ele salvaria a Rainha, ainda que morresse para isso.
     O Plebeu roubou um cavalo da comitiva da Guarda Real do Palácio e saiu em busca de pistas da Rainha. Após treze dias de cavalgada, encontrou uma pequena cabana onde estavam quatro cavalos parados. Ele se preparou e entrou, lutando com os quatro homens que lá estavam. Corajosamente e contra as expectativas, derrubou os quatro e foi desamarrar a Rainha. Montou-a no cavalo e saiu em disparada com destino ao reino.

     No meio do caminho, o Plebeu e a Rainha foram interceptados por um grupo de mercenários que ameaçaram matar a Rainha caso o Plebeu não desse vinte moedas de ouro. Como ele não detinha todo esse valor em seu poder, ele se limitou a descer do cavalo, olhar nos olhos da Rainha e dizer: “Só nunca esqueça que tudo que eu fiz foi por amor a você”. Neste momento, o Plebeu dá um tapa nas ancas do cavalo, que parte, deixando-o envolto ao grupo de mercenários.

     Quando finalmente a Rainha consegue domar o cavalo e retornar para buscar o Plebeu ela percebe o que se deu: dos oito mercenários nenhum permaneceu vivo, porém, o ultimo atingiu o Plebeu com sua espada exatamente em seu peito. A Rainha se desesperou, desceu do cavalo e, colocando a cabeça do Plebeu em seu colo falou:

     - Porque fizeste isto? Morreu por causa de sua Rainha?
     - Não... Morri por causa da mulher que eu amo.
A Rainha se póe a chorar enquanto o Plebeu agoniza. Já no fim de suas forças ele diz:

     - Eu te amo porque te amo, não existe explicação para o amor. Onde eu estiver irei te proteger, ainda que isto me custe mais uma vida.

     O Plebeu morre e a Rainha retorna ao Palácio. Deste dia em diante a Rainha nunca mais se esqueceu do homem que se matou por ela, do carinho que não foi dado, do beijo que não foi recebido e de todas as palavras trocadas.

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