sexta-feira, 27 de maio de 2011

"O homem é produto do meio em que vive?" - Parte 1




..........Olá amigos. Venho eu aqui mais uma vez falar sobre um dos temas que mais amo: literatura. Mas você, que está achando que será mais uma crônica exaltando os livros, está enganado. Utilizarei apenas como um elemento para começar minha avaliação.
..........Lembro como se fosse hoje de um dos últimos livros que li: “O Cortiço”, de Aluisio de Azevedo. Uma leitura que, sem dúvida, prende até mesmo o mais incrédulo dos leitores ao apresentar, a cada instante, uma nova imagem contextual. Mas, hoje, utilizo uma parte específica. O brilhante autor utilizou como argumento principal do livro que “O homem é produto do meio em que vive”. Será, amigo leitor, que está afirmação é verdadeira? Vamos esmiuçar os fatos.
..........Seria correto afirmar que todo morador de comunidades dominadas pelo tráfico de drogas foram, são ou serão traficantes ou usuários destes produtos? De fato, por vezes isto é uma realidade, pelo menos para as pessoas de cabeça fraca, mas seria justo tecer este tipo de comentário? Vamos criar uma história.
..........Carlos nasceu na Favela do Niquel, no Rio de Janeiro. Sua mãe, Márcia, empregada doméstica. Seu pai, Geraldo, gerente do tráfico de drogas daquela comunidade. Quando Carlos completava 02 anos de idade, seu pai foi preso em flagrante com mais de 200 quilos de drogas em seu carro. Desde então, Carlos nunca mais viu seu pai.
..........Carlos cresceu, sob o olhar atento de sua mãe, que buscava ao máximo livrá-lo dos “perigos de viver numa favela”. Aos 12 anos, então cursando o 5º ano do ensino fundamental – repetiu o 4º ano – sua mãe teve um derrame cerebral e não pode mais trabalhar. Carlos largou o colégio e começou a vender doces na rua para poder sustentar sua mãe.
..........Ao iniciar sua vida como “vendedor informal”, Carlos conheceu Marcelo, menor infrator e viciado em Crack que vivia nas ruas após fugir de sua casa em função das intensas sessões de tortura que sofria por parte de seu padrasto. Marcelo e Carlos tornaram-se amigos, mas, ainda assim, Carlos seguiu seu caminho para ajudar sua mãe. Eis que se deu a seguinte conversa:

- Ae Carlos, viver desse trampo ai não dá grana forte não, irmão. A parada é vender “tóxico”.
- Mas é errado, Marcelo. Meu pai foi preso por causa disso.
- Seu pai foi otário, irmão. A parada é vender na encolha e comandar a favela. Tu é filho do dono, é só conversar com teu pai que ele libera o morro pra você. Deixa de ser otário, cara.
..........Carlos permaneceu com aquela conversa em seu pensamento até o dia da visita ao seu pai, no presídio. Agora, você decide, amigo leitor, qual será a próxima etapa desta história.
..........No lado direito da página existe um enquete que ficará aberta por dois dias, e você decidirá: Carlos negará a idéia de tornar-se traficante ou pedirá ao seu pai os “direitos de dono do morro”? Conto com sua ajuda. Boa noite e até domingo.

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