Eduardo Paes Reeleito: Erro ou acerto?

               Caros amigos, não venho aqui para ser demagogo e falar do meu candidato à prefeitura do Rio de Janeiro. Venho apenas para iniciar – ou terminar de vez – com um debate que está assolando a nossa cidade: o que aconteceu para que Eduardo Paes fosse reeleito para a Prefeitura do Rio de Janeiro?

                Não posso ser hipócrita: “grandes obras” foram feitas na nossa cidade nos últimos quatro anos: Corredor Transoeste com implantação do BRT, criação das “Praças do Conhecimento” em diferentes pontos do Rio de Janeiro, implantação de Clínicas da Família e UPA’s em cada canto da cidade, Hospital da Mulher em Bangu, criação do Parque Madureira, Parque dos Atletas e EDI’s e GEC’s, BUC, Transcarioca (parte dela, pelo menos), construção do Centro Cultural João Nogueira e das Arenas Culturais. Enfim, algumas coisas firmam o “legado da era Paes”. Mas vamos analisar alguns elementos.

1 - CORREDOR TRANSOESTE E BRT

                 O Corredor Transoeste deveras diminuiu bastante o tempo de viagem entre Santa Cruz e Barra da Tijuca (de 2h30min para 45min). Considerado um legado importante da Era Paes, liga Santa Cruz (e futuramente Campo Grande) à Barra em tempo "Recorde". Segundo as palavras do próprio prefeito: "Um transporte rápido, inteligente, moderno e confortável para o povo que precisa". Baseado nessa palavras, confesso que o "Ligeirão" é moderno, rápido e tem uma teoria realmente inteligente, mas está bem distante de ser confortável.

Fila do Ligeirão pela manhã

                 Imagens como a mostrada acima são diárias. O ligeirão constantemente está lotado, seja parador ou expresso, com pessoas exprimidas - em alguns casos até contra os vidros - durante a viagem. O ar condicionado não gera resposta com a superlotação e, como se não bastasse, os vidros não podem ser abertos para melhorar a ventilação. Quase todos os dias uma ambulância encosta em alguma estação para socorrer alguém que passou mal.

Foto de um dos acidentes com o BRT

                 Não cansado, em quatro meses de operação o BRT coleciona 5 atropelamentos fatais e diversos de menor proporção, além de 7 colisões, comprovando que o sistema de segurança do mesmo está distante de ser o ideal. Vale salientar que na inauguração do BRT o sistema ainda não estava pronto: muitas estações ainda estavam terminando de serem construídas. Prova que a corrida eleitoral era mais importante.

                 Falando agora da Transoeste, o sistema é interessante, porém em pouco tempo de utilização as imperfeições passam a ser visíveis: vazamentos no Túnel da Grota Funda, buracos na pista e, para melhorar, risco de alagamento em caso de chuva intensa. Lembrando apenas que o primeiro buraco surgiu apenas 4 dias depois da inauguração da pista.

               

                 O triste é saber que para o restante da Zona Oeste nada mudou. Para o morador de Bangu, Realengo, Padre Miguel e outros mais o tempo de viagem não se altera. Continuamos com a nossa Estrada do Catonho, encrustrada no meio do nada e sem segurança alguma para chegar a Barra da Tijuca, pois só de chegar em Santa Cruz já estamos atrasados. Se o BRT tivesse gerado nos outros bairros uma inteligência de transportes, aí sim seria um legado mais interessante. E digo mais: como chegar à algum lugar com o trânsito caótico do Rio de Janeiro.

Transito no Centro de Campo Grande (Rodoviária)

2 - UPA's E CLINICAS DA FAMÍLIA

                 Promessa da excelência em saúde para a nossa Cidade, as UPA's e Clinicas da Familia foram as principais plataformas de Eduardo Paes para a reeleição. Mas de que adiante a criação de tantas unidades se as que já existiam permanecem sucateadas e com falta de médicos. Por muitas vezes as UPA's também não tem médicos. E o melhor disso é o novo esquema de saúde do Tio Dudu.

                 Você mora em Bangu, mas trabalha no Centro do Rio. Sabe que ser for fazer uma consulta na UPA de Bangu ou no PAM Bangu você se atrasará por causa do trânsito desesperador da Avenida Brasil e pensa: vou em alguma unidade pública mais perto do trabalho pois chegarei com mais facilidade. Acredite: você não pode mais fazer isso, pois atendimentos eletivos e tratamentos em geral deverão ser feitos na Unidade de Saúde mais próxima da sua residência. Você perdeu o direito de escolher a Unidade em que irá se consultar. Pelo menos para atendimento de emergência você pode ir em qualquer um deles, menos na Clínica da Família.

3 - CULTURA

                 Centro Cultural João Nogueira e Arena Cultural da Pavuna. O que estas obras tem em comum? A Gestão de Eduardo Paes. Não posso negar que são obras importantes para a cultura da nossa cidade, mas bato na mesma tecla da saúde: porque não priorizar os espaços já existentes? Nossas lonas culturais encontram-se a mercê, sem a recepção de grandes artistas por falta de investimento da prefeitura, que por muitas vezes atrasa em muitos meses o repasse de verba para estes, chegando ao ponto de uma destas ameaçar fechar as portas para conseguir receber o repasse. Alguém já reparou que todos os teatros municipais estão localizados em áreas nobres? (Centro, Zona Sul e Tijuca)? Porque não a construção de teatros municipais nas Zonas Oeste e Norte? Gastos monstruosos foram implementados na construção da Arena Cultural da Pavuna - custou aproximadamente 15 milhões de Reais - e os funcionários da Lona tem seus salários atrasados em meses. Acho que existe algo de errado. Mas o principal ponto cultural do governo Paes ocorreu há pouco tempo.

Cidade da Música. Desculpe, Cidade das Artes.

                 O principal elemento de ataque de Eduardo Paes à César Maia nas eleições de 2008 foi a construção da Cidade da Música. Um empreendimento caríssimo - mais de 500 milhões já foram gastos entre os dois governos - no meio da Barra da Tijuca, bairro nobre da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Como disse Paes, "um elefante branco sujando a imagem do Rio". O que ocorre é que durante sua gestão o nome do projeto foi alterado - de Cidade da Música para Cidade das Artes - e no Diário Oficial do dia 08 de Agosto de 2012, Paes publicou portaria de inauguração e licitação de concessão e deixou bem claro que "A Cidade das Artes representa um grande marco cultural para toda a Cidade. Este projeto, inédito na América Latina, foi concebido, com o apoio de extensa equipe de arquitetos, engenheiros e outros profissionais brasileiros e estrangeiros, pelo arquiteto francês Christian de Portzamparc, conhecido internacionalmente por sua experiência em projetos e construção de teatros e casas de espetáculos – sendo responsável, entre outras obras, pela Cité de la Musique de Paris". E o pior: a licitação de manutenção é estimada em 50 milhões de Reais por ano. Acho que não preciso dizer mais nada.

                 Poderia passar horas falando dos últimos 4 anos de governo da nossa cidade, mas sei que nem meus leitores aguentariam tanta balburdia. Mas, apenas para concluir, acrescentem à tudo que foi dito os seguintes tópicos:

• Mais de 150 Milhões de Reais em multas por propaganda irregular;
• Investigação transcorrendo por suspeita de abuso de poder aquisitivo;
• Desvio de verba de áreas vitais para investimentos para a Copa e Olimpíadas;
• 147 milhões de reais investidos nos últimos três anos em publicidade (na saúde, por exemplo, foram 97 milhões)
• Suposta relação com milicianos;
• Monopolização do Horário Político Partidário (14 dos 30 minutos eram ocupados por Eduardo Paes);
• Aumento já confirmado nas tarifas de transportes a partir de Janeiro de 2013;
• Transcarioca e Transolímpica serão privatizadas;
• Entre outros.

                 Caso não esteja acreditando que este é o Eduardinho, as respostas estão na internet para quem quiser ver. Neste momento estou de luto pelo Rio de Janeiro: mais quatro anos sob o domínio de uma falsa melhora. Pensem nisso e pensem melhor na hora de votar.

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Paz e luz... E sorte, muita sorte, pois iremos precisar.